terça-feira, 16 de maio de 2017

Dilema da direita. Por Robson Paz


Robson Paz

A direita conservadora do país está diante de um dilema. O que fazer com o ex-presidente Lula? Prisão? Cassar os direitos políticos? Haverá provas de sua culpabilidade? Seja qual for a alternativa, resta uma certeza: os responsáveis pelo afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República estão preocupados. Por uma razão muito simples. O país vai muito mal na política e na economia. Por outro lado, o ex-presidente Lula cresce cada vez mais nas pesquisas de intenções de votos. A despeito do massacre midiático diário a que está submetido, há mais de dois anos.

A julgar pela repercussão nas redes sociais, na imprensa internacional e nas conversas de feiras, o depoimento do ex-presidente ao juiz Sérgio Moro reacendeu a chama que mantém a pré-candidatura de Lula como farol das forças democráticas, populares e progressistas do país.

A escassez de provas concretas e cabais contra Lula tornam as chances de condenação e consequente prisão do líder petista praticamente nulas. Por isso mesmo, o ex-presidente avança no espectro eleitoral.

Resta à retrógrada direita apostar na cassação dos direitos políticos de Lula evitando, assim, que este seja candidato a presidente em 2018. Seria esta uma opção arriscada, mas não impossível para os patrocinadores do impeachment sem crime de responsabilidade.

Esta possibilidade, contudo, não parece capaz de oferecer segurança à elite e seus satélites partidários – PSDB, PMDB e DEM. Por uma razão muito singela: seus candidatos prediletos Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra têm pífio desempenho junto ao eleitorado. Não por acaso, João Dória e Luciano Huck são postos como alternativas por parte da grande mídia.

Com Lula fora da disputa, os candidatos poderiam crescer é verdade. Contudo, ainda que Lula tenha os direitos políticos cassados, este não perde a condição de atuar politicamente em favor de um candidato. Para quem elegeu a ex-presidenta Dilma Rousseff por duas vezes não parece ser algo tão complexo conquistar mais uma vitória eleitoral. E quais seriam os nomes mais competitivos na esquerda? Ciro Gomes (PDT), Flávio Dino (PCdoB) e Fernando Haddad (PT). Destes, apenas o governador do Maranhão abdicou da condição de pré-candidato. Ciro tenta viabilizar-se e Haddad aguarda convocação do PT.

A hipótese cada vez mais provável de que Lula seja inocentado seria o golpe de misericórdia nas pretensões dos conservadores. Isto é mensurado constantemente por pesquisas. Estas apontam que a população brasileira está com a memória muito viva. Não por acaso, políticos que apoiaram o impeachment tem sido alvo de apupos pelo país.

Todos concordam que o Brasil precisa se reencontrar, reinventar, especialmente no campo político. Lula em certa medida representa o período da redução das desigualdades, geração de emprego e investimento em políticas públicas.

Comportamentos exemplares como de alunos que relatam aos pais notas baixas, mau comportamento na escola, deveriam ser seguidos por investigadores que insistem em conduzir seletivamente investigações. Enquanto, isso sua excelência o povo toma partido do Brasil de verdade.

Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM.

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