segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Santa Helena - Artefatos de 1.200 anos achados nas masrgens do rio Turi



Equipe que escavou monte nas margens do Rio Turi encontrou urnas funerárias, vasos de cerâmica, utensílios domésticos e ferramentas

Pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), coordenados pelo doutor em antropologia Alexandre Navarro, descobriram na cidade de Santa Helena, região da Baixada Maranhense, o primeiro indício de urnas funerárias produzidas por comunidades indígenas que viviam em palafitas, dentro de lagos e às margens do Rio Turi, há pelo menos 1.200 anos. A pesquisa faz parte de um projeto acadêmico multidisciplinar que resultará na “Carta Arqueológica das Estearias localizadas na porção centro-norte da Baixada Maranhense”, englobando os municípios de Olinda Nova do Maranhão, Santa Helena e Pinheiro (MA).

O mais interessante é como este material foi encontrado: de forma totalmente ocasional. Um morador local resolveu realizar uma ampliação em sua casa e nas escavações para construir os alicerces deu de cara com as peças. De certo que esses achados arqueológicos são a única evidência que se tem da cultura de povos que viveram várias centenas de anos atrás, visto que eles não deixavam registros escritos.

Além das urnas, foram encontradas em diversas escavações mais de 400 peças de cerâmica, entre vasos, panelas e demais utensílios domésticos, além de cerca de 100 machadinhas pré-históricas e objetos ritualísticos, tais como figuras de animais, chocalhos, colares e figuras humanas. Os pesquisadores ainda não sabem a quais tipos de povos, ou grupos étnicos, pertencem esses objetos encontrados, sendo este um dos principais objetivos da pesquisa. “Não sabemos por que eles viviam dentro dos lagos. Possivelmente tem a ver com obtenção de alimentos, e também era um local mais protegido, com relação aos inimigos. Essas são as duas hipóteses mais prováveis”, comentou Alexandre Navarro.

A maioria da cerâmica encontrada está quebrada, porque ou é fruto do descarte, isto é, os próprios indígenas acabaram jogando fora, ou então sofreram um processo de colapso, após o abandono da aldeia, por algum motivo. “A gente está estudando o que significam os motivos, a iconografia. Por enquanto, a gente ainda não sabe”, disse o pesquisador.

O achado, segundo o professor Navarro, é extremamente importante para o estudo da pré-história maranhense, que é muito rica, mas pouco pesquisada. “Essa foi a primeira vez que encontramos um cemitério associado a esses povos”, afirma o pesquisador. Esses povos a que ele se refere são os que viviam sobre lagos e rios da região, em estruturas chamadas estearias. Até então, por não viverem em terra firme, não se tinha ideia de como eles enterravam seus mortos. “É bem difícil enterrar os mortos na região onde eles vivem [ambiente aquático]. Então, a gente encontrou, próximo ao sítio arqueológico, um monte e lá havia evidências das urnas”, explicou Alexandre. 

SAIBA MAIS
A datação, feita com carbono 14, em troncos encontrados nos sítios arqueológicos em Santa Helena, e que seriam as bases das palafitas, mostrou que o material procede de 800 a 1000 depois de Cristo.

Pesquisa
A pesquisa, realizada pelo professor Alexandre Navarro, começou em 2012 e conta com o apoio de outros pesquisadores de várias universidades de outros estados, sendo esta a única pesquisa arqueológica acadêmica já realizada no Maranhão, tendo o apoio da Fapema, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Prefeitura de Santa Helena.

Estearias
As estearias foram moradias lacustres construídas com esteios de madeira que serviam de sustentação para as construções superiores, dando origem, assim, às palafitas pré-históricas. Sítios palafíticos ocorrem com alguma frequência em algumas regiões da Europa, como a Itália, França, Alemanha e Suíça. Estão localizados parte no continente e parte nos lagos e foram datados entre 5 mil a 800 a.C. Atualmente, mais de mil sítios desta natureza já foram catalogados. No continente americano, eles são muito menos frequentes. Esse tipo de sítio arqueológico aparece em casos isolados na América do Sul.

Perguntas que a pesquisa quer responder
1. Quem eram as sociedades pré-históricas que habitaram a região lacustre da Baixada Maranhense?
2. Por que escolheram o ambiente lacustre para viver?
3. Como se deu o processo de adaptação ambiental e paisagístico da região?
4. Que relações sócio-políticas existiam entre estes grupos? Mantinham relações cooperativas ou eram comunidades instáveis e inimigas? Quais são os vestígios arqueológicos destas relações?
5. Qual a área exata de ocupação do território?
6. Realizar datações absolutas para a delimitação temporal da ocupação do território.
7. Estas sociedades estavam em contato com as demais da região amazônica?
8. Existiu o comércio de longa distância?
9. Quando se dá o colapso dessas ocupações e por quê? C

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