segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Maranhão tem 22 escolas sem a menor infraestrutura para receber alunos, aponta estudo da CNA
Nessas escolas não há sequer água filtrada |
No Brasil, 508 escolas
rurais não têm condições de infraestrutura, têm baixa taxa de aprovação e
muitos alunos abandonam os estudos. Nessas escolas não há sequer água
filtrada. É o que mostra o estudo Escolas Esquecidas, divulgado esta
semana pelo Instituto CNA, ligado à Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil, que mapeou esses centros de ensino. A maioria está
nas regiões Norte e Nordeste e é de difícil acesso. O estudo utiliza os
dados do Censo Escolar de 2012 e revela instituições que não têm
biblioteca, computador, TV, antena parabólica, videocassete, DVD, água
filtrada, saneamento básico ou eletricidade. Quase 40% dos estudantes
repetiram de ano e 23% abandonaram os estudos. Nas demais escolas do
país, a taxa de aprovação passa dos 83%, e o abandono chega a 3,8% no
ensino fundamental e a 10,2% no ensino médio.
A maior parte dessas
escolas está na Região Norte: 209 no estado do Pará e 202 no Amazonas.
As demais escolas estão no Acre (36), no Maranhão (22), na Bahia (12) em
Roraima (11), em Pernambuco (6), no Amapá (4), no Mato Grosso (3), no
Piauí (2) e em Rondônia (1). Do total, 184 estão em terras indígenas, 44
em áreas de assentamento, oito em áreas remanescentes de quilombos e
uma em unidade de uso sustentável. Grande parte é municipal.
De acordo com o
levantamento, as escolas sem infraestrutura representam 0,7% do total de
escolas públicas rurais no país que, em 2012, somavam 75,7 mil centros
de ensino. “O estudo é um alerta para o meio rural, especialmente para
aquelas escolas que chamamos de esquecidas. Através dessa metodologia
chegamos a 508, mas sabemos que outras escolas estão ali no limite, se
houvesse uma flexibilização nos critérios, haveria um número maior de
escolas [sem as condições mínimas de infraestrutura]”, diz o secretário
executivo do Instituto CNA, Og Arão.
Segundo ele, as escolas
rurais são muito importantes para a formação das comunidades do campo e
são também um incentivo para que as famílias permaneçam na área rural.
“Sem uma escola de qualidade não consigo formar, levar conhecimento e
inovação, manter essas pessoas no campo”, acrescenta Arão. O MEC diz que
desde 2012, com o Pronacampo, tem intensificado ações voltadas para as
escolas rurais, enviando recursos aos estados e municípios e às próprias
escolas. Além disso, também desde 2012, reúne-se com 80 municípios, que
são os que concentram a maior parte das escolas rurais, buscando uma
gestão mais próxima, discutindo formação de professores, possibilidades
de financiamento e de apoio às escolas do campo.
Segundo a secretária de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Macaé
Evaristo, 46% das escolas apontadas no estudo estão em municípios que
fazem parte desse grupo. “Nenhuma criança nesse país pode ficar sem
atendimento escolar. No campo é preciso atenção redobrada,
independentemente do lugar que a criança nasceu, tem que ter acesso à
educação e educação de qualidade”, diz a secretária.
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